Já é normal sempre que acedemos a alguns sites, ser-nos solicitada a aceitação e o consentimento para a instalação de cookies para continuarmos a navegar nesse site. Contudo, caso não se concorde e não aceitamos a sua instalação é provável que simplesmente não seja possível navegar no site. Esta é uma prática generalizada para a maioria dos sites em que navegamos e parece que não há volta a dar a esta técnica/táctica que é utilizada nos sites que pretendemos entrar.

Mas o que são cookies no navegador (browser) e o que é pretendido ?
Passo a explicar: – os cookies são instruções de software que são instalados no dispositivo que está a aceder à Internet através do navegador (browser) e quando vamos entrar num site. Ou seja, antes da instalação desse software, os cookies, é solicitado a nossa autorização/consentimento para a sua instalação, somos nós, enquanto utilizadores, que ao clicar em ACEITO, estamos a concordar com a sua instalação.
Portanto não se trata de nenhum software malicioso e que possa prejudicar o nosso equipamento.
Então para que servem os cookies quando são instalados? Será porventura a pergunta que poderá estar a pensar.
Pois bem, os cookies são uma ferramenta de software de grande utilidade para a empresa que detém e explora o site. Já que com a sua instalação o gestor/detentor do site poderá a ficar a conhecer um conjunto de atributos de quem está a navegar no site, ou seja, do utilizador que está a navegar no site.
Mas se fica a conhecer mais sobre o utilizador, isso não é, ou poderá ser, uma invasão da privacidade? Provavelmente sim, e é com o nosso consentimento e autorização, quando aceitamos a instalação de cookies…como se costuma dizer: não há almoços grátis. Ou seja, ou aceita e continua a navegar no site, ou não aceita e não consegue continuar a navegar no site.
Por norma e responsabilidade do site, é sempre referido quais os objectivos e quais as politicas referentes àqueles cookies, onde é dito o que é pretendido e o que irá ser rastreado. Acontece, porém, nós, enquanto utilizadores, simplesmente não lemos qual a política dos cookies e o que será registado e seu propósito. Simplesmente aceitamos e PONTO, o que é displicente da nossa parte. Provavelmente porque não temos tempo, conhecimentos jurídicos, ou apenas interesse em ler.

Então pode-se concluir que com os cookies instalados no nosso equipamento, estamos a “dar” um conjunto de dados que permitem ao detentor do site, conhecer e saber diversas coisas do nosso perfil comportamental e deixo aqui dois exemplos: cookies instalados no acesso a um jornal. Com estes cookies poder-se-á perceber quais os tipos de notícias são da nossa preferência em detrimento de outras, ou se clicamos em alguma publicidade, com que frequência o fazemos, etc.; o mesmo pode dar indicações do nosso perfil num qualquer site de produtos de supermercado, em que o site (ou empresa detentora) fica a perceber as nossas preferências ou gostos sobre um tipo de produto. Ou seja, com os cookies estamos a permitir com a nossa autorização que sejam recolhidos um conjunto de informações do nosso perfil comportamental e das nossas preferências, do histórico dos sites visitados (em alguns cookies) assim como a nossa localização (mesmo que tenhamos a localização desligada, a nossa localização pode ser obtida pelo IP do equipamento, quando acedemos à Internet).
Mais uma vez podemos-nos interrogar? Então como fica a nossa privacidade e individualidade, estas informações não podem ser entendidas como uma intromissão à nossa vida privada?
Sim podem, essa é a minha opinião. Se pensarmos bem e fizermos um pouco de análise comportamental, estes dados podem ser analisados.

Porém, o nosso perfil comportamental não conflitua com aquilo que são os nossos dados pessoais (a nossa identidade). Os nossos dados pessoais são uma questão diferente.Os cookies têm um objectivo diferente e eventualmente um propósito bem diferente. Os nossos dados pessoais e a forma que podem eventualmente circular nas plataformas tecnológicas são por isso coisas diferentes e são proibidas e reguladas por lei, através do que designou de RGPD (Regulamento Geral de Protecção de Dados).
Mas como podemos evitar ou minimizar esta intromissão: – Poderá navegar de forma anónima (a sua identidade não é guardada), utilizar uma VPN, apagar os cookies quando sair
Qualquer analista de perfil comportamental consegue perceber um conjunto de indicações acerca de quem somos. Ou lendo de outra forma: o quem somos, o que nos motiva, as nossas crenças e interesses e isso pode ser influenciado, qualquer profissional de marketing sabe isso. Por outro lado, as redes sociais podem desempenhar um papel muito mais intromissivo, como se viu nas situações com a análises realizadas com perfis do Facebook pela empresa Cambridge Analitica, na eleição do Donald Trump, na campanha para o Brexit e em mais alguns casos.

Perceba que existem diversos tipos de cookies:
Tipos de cookies
– Cookies permanentes – são cookies que ficam armazenados ao nível do navegador (browser) no equipamento de acesso (computador, smartphone ou tablet) e são utilizados sempre que faz uma nova visita a um website. São utilizados, geralmente, para direcionar a navegação aos interesses do utilizador, tem o propósito de prestar um serviço mais personalizado e normalmente o seu propósito é para actividades de marketing da empresa. É desta forma que a empresa sabe em que páginas e zonas do website navega, ficando expostos algumas das suas preferências no website.
– Cookies de sessão – são cookies temporários que permanecem no arquivo de cookies do browser até sair do site. Genericamente a informação obtida por estes cookies serve somente para analisar padrões de tráfego na web, permitindo identificar problemas e eventualmente fornecer e melhorar a navegação no site.
Nas políticas dos cookies que vão ser instalados é informado o que esses cookies objectivam e o que vai ser instalado.
Saiba que:
– Cookies estritamente necessários – Permitem que possa navegar no website e utilizar as suas aplicações, bem como aceder a áreas seguras do website. Sem estes cookies, os serviços que tenha requerido não podem ser prestados.
– Cookies analíticos – São utilizados anonimamente para efeitos de criação e análise de estatísticas, no sentido de melhorar o funcionamento do website.
– Cookies de funcionalidade – Guardam as preferências do utilizador relativamente à utilização do site, para que não seja necessário voltar a configurar o site cada vez que o visita.
– Cookies de terceiros – Medem o sucesso de aplicações e a eficácia da publicidade de terceiros. Podem também ser utilizados no sentido de personalizar um widget com dados do utilizador.
Cookies de publicidade – Direcionam a publicidade em função dos interesses de cada utilizador, por forma a direcionar as campanhas publicitárias tendo em conta os gostos dos utilizadores, sendo que, além disso, limitam a quantidade de vezes que vê o anúncio, ajudando a medir a eficácia da publicidade e o sucesso da organização do website.
Então a pergunta que se faz é: – como posso gerir os cookies instalados?
Saiba que todos os navegadores (browsers) permitem ao utilizador aceitar, recusar ou apagar cookies, nomeadamente através da seleção das definições apropriadas no respetivo navegador. Pode configurar se permite cookies no menu “opções” ou “preferências” do seu browser, não permitindo third-party cookies, por exemplo.
Saiba também que é muito importante e conveniente ter sempre um antivírus instalado no seu equipamento (Computador, Smartphone ou Tablet) para que possa bloquear cookies “não amigáveis”.
Para finalizar este extenso artigo, fica aqui um pouco de história
O homem que criou em 1994 os cookies dá pelo nome de Lou Montulli. Ele desenvolveu um dos primeiros navegadores da Web, o Lynx, em 1991, tendo ingressado na empresa Mosaic Communications Corporation, mais tarde mudou o nome Netscape. Ele foi responsável por uma variedade de inovações da Web. Ao desenvolver um website de comércio electrónico, percebeu a importância e o valor dos dados recolhidos de quem estaria a comprar (retendo algumas informações no carrinho de compras do utilizador), desta forma “inocente” de recolha de informações no navegador, permitiu ao longo dos anos aprimorar o software que é hoje uma norma de quase todos os websites.
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