Divida Cognitiva: O impacto da IA no nosso cérebro

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Mas vamos ao assunto deste artigo e perceber um pouco mais em profundidade

O que significa Divida Cognitiva

Não sendo ligado a áreas da saúde e nem da psicologia, vou tentar esclarecer o conceito de “dívida cognitiva” e que descreve o custo invisível e a longo prazo de colocar num terceiro – actualmente a preocupação é a com IA – as nossas habilidades mentais, como a retenção de memória, capacidade de raciocínio, resolução de problemas e outros problemas cognitivos como a capacidade de ter um pensamento critico, o que pode acontecer quando utilizamos constante ferramentas de inteligência artificial (IA), mas também outras ferramentas digitais (por exemplo utilizar o GPS do nosso veiculo sempre que pretendemos nos deslocar para determinado local, ou como acontece com os motoristas de TVDE – motoristas trabalham para plataformas eletrónicas como Uber ou a Bolt e não têm que saber os caminhos e as ruas por onde se deslocam) ao nosso cérebro.

Quais os impactos da IA no nosso cérebro

De acordo com alguns estudos, a retenção de informação e ter a capacidade para procurar algo de inovador e a criativo, ter um pensamento critico, pode criar falhas na nossa cognição e mesmo a nossa memória pode ser afectada. Actualmente podemos ter em segundos ao nosso dispor e sem esforço, a criação de um texto, uma música, etc.

“A forma como escrevemos, organiza como pensamos. Quando terceirizamos a escrita, arriscamos terceirizar o próprio pensamento”, Hua Hsu.

O nosso cérebro necessita de ser treinado sempre e em todas as idades. Embora o nosso cérebro não seja uma parte muscular do nosso corpo, tem algumas particularidades semelhantes, necessitando de ser exercitado para se manter saudável, quando tal não acontece as conexões (sinapses) enfraquecem, resultando numa redução progressiva das funções cognitivas. Recomendo a leitura de um artigo do Hospital dos Lusiadas – “A Inteligência Artificial pode afetar a nossa capacidade de pensar?” e que tem a colaboração da Prof. Dra. Luísa Alves, médica Neurologista.

Implicações para as Novas Gerações

As gerações que cresceram com tecnologia digital (como o uso de smartphones em idades muito precoces) desenvolvem padrões cognitivos distintos:

Mudanças na Memória: Há uma transição de memorizar informações para memorizar onde encontrar uma solução. Jovens actualmente demonstram uma maior facilidade para localizar informação, de forma muito mais rápida que os seus pais, contudo, podem ter menor capacidade de retenção de detalhes específicos.

Processamento de Informação: O cérebro adapta-se para lidar com múltiplos fluxos de informação em simultâneo, mas isso pode criar um impacto negativo na capacidade de concentração prolongada em uma única tarefa (cada vez mais os miúdos e pré-adolescentes leem menos e têm pouca apetência para a leitura).

Navegação Espacial: O uso constante de GPS pode reduzir o desenvolvimento do senso de orientação natural e a capacidade de criar mapas mentais detalhados do ambiente, como aperceberem quais as ruas que passaram e criarem um raciocínio espacial.

Atenção Dividida: A habituação ao “multitasking digital” pode fortalecer certas habilidades de alternar entre tarefas, mas também pode dificultar a atenção focada e profunda de concentração.

O Estudo do MIT

Quando foi realizado um estudo a 54 participantes com idades entre 18 e 39 anos, pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), chegou-se a um resultado no mínimo alarmante: a IA pode criar perdas na nossa capacidade cerebral. Mais, no estudo do MIT é realizado com adultos, podemos presumir que o impacto com crianças e jovens será maior, já que os cérebros nessas idades estão em desenvolvimento.

Nota: Apesar da amostra para o estudo ser reduzido (54 participantes) e não ser um estudo revisto por pares, é, na minha opinião, um alerta e uma preocupação presente e futura.

Em Resumo:

A IA é uma grande inovação, sem dúvida, no entanto podemos cair em estados profundos de Memory Offloading (Descarga de Memória), um processo que ocorre quando transferimos parte da nossa capacidade de memorização para dispositivos externos – desde anotar um número de telefone até usar o GPS em vez de decorar rotas e usar o raciocínio para chegar a determinado sitio. Se não exercitarmos o nosso cérebro podemos cair no futuro em situações que são imprevisíveis. O nosso cérebro sempre foi plástico e adaptável às ferramentas disponíveis (como o uso da calculadora). A questão central não é se essas mudanças são boas ou más, mas como podemos cultivar e criar um equilíbrio saudável entre o uso de tecnologias cognitivas e o desenvolvimento de capacidades mentais fundamentais. Algo que considero de extrema importância para os professores e educadores com crianças no primeiro, segundo e terceiro ciclo.

Obras e artigos consultados:

“The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains” – Nicholas Carr

“Digital Dementia” – Manfred Spitzer

“The Dumbest Generation”Mark Bauerlein

Estudo publicado pelo MIT

https://www.media.mit.edu/publications/your-brain-on-chatgpt/

https://www.media.mit.edu/articles/is-using-chatgpt-to-write-your-essay-bad-for-your-brain-new-mit-study-explained/

https://www.marketingaiinstitute.com/blog/your-brain-on-chatgpt

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