A segurança dos seus filhos: o acesso ao mundo digital
Ao olharmos à nossa volta vamos vendo que são cada vez mais o número de pais que dão smartphones e tablets aos seus filhos, quando estes têm idades com menos de 10 anos. Por vezes crianças com apenas seis, sete ou oito anos, já pedem como prenda um smartphone e os pais ou os avós fazem-lhes a vontade. Se puderem analisem e verifiquem se esta afirmação está certa ou não: é quase normal uma criança entre os dez anos de idade e os doze anos de idade já possuir um smartphone, muitas vezes modelos de média/alta gama e permitir que esses equipamentos sejam levados para a escola ou que possam ser utilizados em restaurantes, enquanto os pais tomam a sua refeição, ouvindo-se muitas vezes o comentário dos pais… pelo menos assim estão entretidos e não chateiam, não existindo qualquer diálogo. Mas pior e mais grave (como se o que escrevi já não fosse grave), quando estão em casa, grande parte do tempo estão fechados no quarto, de porta fechada e sem qualquer controlo por parte dos pais e educadores.
O Impacto do uso de smartphones com crianças
O jornal Expresso publicou em agosto de 2024 a seguinte noticia: “Os pais não devem dar um ‘smartphone‘ aos filhos antes dos 16 anos”, avisa especialista em dependência de ecrãs e diz também o especialista “Marc Massip (psicólogo e especialista em adições), que lançou em Espanha há 12 anos o programa terapêutico “Desconecta”, que foi pioneiro para ajudar crianças e adolescentes com dependência de ecrãs a libertarem-se do vício de écrans. Contudo, a palavra “vicio de écrans” ainda não é totalmente aceite pela sociedade, mas existem estudos que comprovam a dependência de ecrãs e utilização da internet, o que provoca síndromas de abstinência. Isso é exactamente o que acontece com o consumo compulsivo de álcool ou drogas ilícitas, ou seja, o querer sempre mais e mais, tornando-se uma obsessão e que modifica e faz variar os níveis de dopamina. Porém, já vão existindo alguns estudos académicos sobre Impactos na saúde mental de crianças e no crescimento de patologias na área mental e comportamental, estando demonstrado nesses estudos que o uso excessivo de dispositivos digitais tem sido associado a um maior risco de desenvolvimento de sintomas de ansiedade, depressão, dificuldades para dormir e problemas de atenção, algo impensável há 20 anos.
De alguma forma, pode parecer que são os pais e educadores que estão a estimular o uso sem controlo de equipamentos digitais e com tecnologia de comunicação móvel, mas esta pode ser uma conclusão que fica para um debate mais aprofundado na sociedade. Na minha opinião, as políticas públicas em Portugal e outros países da UE sobre o uso de tecnologias por crianças ainda não é consensual e gera alguma discussão de ideias e um debate nas associações de pais.
Provavelmente, todos nós vamos conhecendo pais que se queixam que actualmente as crianças passem horas a fio na internet e a jogar jogos online, a verem vídeos e alguns até nas redes sociais. Deixo a pergunta: será que os pais sabem ou têm uma ideia de que os filhos menores de catorze anos estão a fazer ou a ver quando estão “colados” a um écran de um smartphone ou tablet?

Sim, esta realidade é uma séria preocupação para médicos pediatras e psicólogos que têm constatado um aumento do número de crianças e adolescentes com Hiperatividade e défice de atenção, também conhecido por PHDA, o que irá resultar potencialmente numa maior dificuldade de aprendizagem, em comportamentos impulsivos, num isolamento social, bem como outros malefícios causados por longos períodos de exposição a ecrãs (sejam smartphones, tablets, computadores e mesmo televisores) como tem sido falado em diversos fóruns da especialidade.
Qual é o papel dos pais na regulação do uso de smartphones por crianças ?
Se esta questão é um problema preocupante na educação da geração actual e no seu desenvolvimento, então todos concordarão que esta será uma pergunta inquietante mas que deve ser uma base de reflexão: quantos pais têm efectivamente uma preocupação com o que os filhos vêem nos ecrãs e quantos têm instalado aplicações de controlo parental nos smartphones ou tablets dos vossos filhos, ainda crianças e com menos de doze anos ?
ALERTA: Como noticiado em diversos órgãos de informação, como a CNN e onde é afirmado… “os pais devem estar mais atentos aos perigos que os jovens enfrentam na internet, revelando que há crianças com menos de 10 anos com acesso livre a conteúdos pornográficos”. Existem também diversos sinais de alarme que os pais e educadores têm vindo a identificar como dependência online.
Fica a pergunta e uma Questão: os pais sabem o que é efectivamente o controlo parental e como o podem instalar nos dispositivos digitais dos seus filhos ?
O controlo parental é uma ferramenta essencial para garantir a segurança dos seus filhos no mundo digital.
Existem diversas opções gratuitas e eficazes para dispositivos Android e iPhone que deve pensar instalar o quanto antes nos equipamentos que os vossos filhos tenham acesso, muitas vezes de forma livre e sem controlo. Procure nas “lojas” de aplicativos com a Play Store no Android ou App store da Apple. Ficam aqui algumas sugestões e opções gratuitas:
- Google Family Link: É uma das aplicações mais completas e que permite um controlo parental em dispositivos Android e iOS. Este aplicativo permite que possa configurar a Localização do dispositivo (veja a localização do dispositivo do seu filho num mapa), Limite o tempo de uso (estabeleça horários específicos para o uso de aplicativos e defina limites diários no écrã), Bloqueie aplicativos e jogos (controle quais aplicativos e jogos seus filhos podem aceder, Filtro conteúdo (bloqueie sites com conteúdo adulto e impróprio), Reporting (Receba relatórios sobre a atividade online dos seus filhos, como os aplicativos mais usados e os sites visitados).
- Qustodio: Considerada por alguns uma excelente aplicação de controlo parental, permite bloquear sites, aplicativos e jogos, além de monitorar a atividade online. Com dois tipos de plano, um gratuito e um outro pago. Possui com uma boa filtragem de sites web permitidos, monitorização do tempo de ecrã, limites de tempo e relatórios de atividades. Os planos pagos acrescentam suporte para 5 dispositivos e um número ilimitado de dispositivos, filtragem de aplicações, monitorização de chamadas e mensagens de texto, botão de pânico e muito mais
- Norton Family: Oferece recursos de filtragem de conteúdo, monitora a localização do dispositivo e possui alguns relatórios de atividade, apesar de não ser gratuito. o Norton Family fornece as informações de que os pais necessitam para ajudar a manter os seus filhos mais seguros e concentrados quando estão online. Os pais podem ver os termos de pesquisa dos seus filhos e quais os vídeos visualizados, monitorizar se os conteúdos que são adequados à idade, definir limites de tempo de utilização e muito mais.
- Mobicip: Uma aplicação bastante utilizada e referida em muitos órgãos de informação, como a CNN, o The New York Times, por exemplo. Possui a possbilidade de configurar diversas situação, como o limite o tempo de ecrã, filtros da Internet, monitorizar as redes sociais, acompanha a localização do dispositivo.
- Screen Time: Tem uma opção gratuita e outro plano que é pago. Está disponível nativamente em dispositivos iOS, mas também pode ser usado em alguns dispositivos Android. Possui muitas ferramentas de controlo parental e de monitorizar a localização do dispositivo e acompanhamento do que é pesquisado.

O que deve ser controlado de forma preventiva:
- A Instalação de novas aplicações – O controlo do conteúdo que as crianças acedem é fundamental. Devem-se utilizar filtros de conteúdo ou controlos parentais que possam bloquear sites, jogos e aplicativos inadequados para a idade.
- Configurações de privacidade – Deve ajustar as configurações de privacidade, especialmente nas redes sociais, evitando que informações pessoais sejam compartilhadas e permitindo o seu acesso público.
- Interacções Online – Supervisione o que o seu filho acede, cada vez mais crianças e adolescentes podem ser expostos a interacções online prejudiciais, como cyberbullying ou contacto com estranhos. Não deixe o seu filho em “roda livre”: Monitore chats, redes sociais e plataformas de jogos online.
- Controlo de compras online – Configure e bloqueie as opções permitam efectuar compras online, especialmente jogos, evitando gastos não autorizados. Deve ter desativado a possibilidade de compras dentro de alguns aplicativos e publicidade, já que muitas destas compras online funcionam por impulso e com um forte “forcing” com publicidade.
- Controlo de tempo de utilização – Configure um numero de horas que o seu filho e educando pode estar e a usar o dispositivo por dia, impondo um limite de tempo (por exemplo, 1 hora por dia em idade inferior a 8 anos, 2 horas se tiverem idade inferior a 14 anos e pessoalmente considero que já é muito tempo).
Lembre-se: O controlo parental é uma ferramenta importante, mas não substitui a supervisão dos pais. Acompanhe a actividade online dos seus filhos e esteja sempre disponível para conversar com eles sobre qualquer assunto. Muito importante: Converse regularmente com seus filhos sobre o uso da internet e os perigos online e saiba que os filhos copiam muitas vezes o que os pais fazem e dizem. É importante que os pais também mostrem um uso equilibrado dos dispositivos tecnológicos.
Ao seguir essas orientações, os pais podem promover um uso mais saudável e seguro da tecnologia, contribuindo para o bem-estar e o desenvolvimento equilibrado dos filhos. Fica a questão: será que os pais têm esta compreensão na educação dos seus filhos, ou ficam à sua sorte e esperam “com esperança” que o resultado seja positivo daqui a uns anos, quando os seus filhos estiverem a passar da adolescência para a idade adulta ?

E sobre os adolescentes
É certo que nas idades em que se atinge adolescência, os problemas podem ser muito mais graves, como o Cyberbullying, ou designado apenas por Bullying na Internet, onde situações como comportamentos de agressão, ameaça, intimidação ou interacções que tenham como objectivo causar vergonha, desconforto e medo na vitima, recorrendo à Internet para expor a vitima, como a partilha de vídeos, fotos e divulgação em redes sociais, são um fenómeno crescente e um risco que contribui para comportamentos agressivos entre adolescentes e pré-adolescentes (entre os 12 e os 15 anos). Estas situações podem levar no limite a que jovens se isolem, automutilem e no limite a transtornos profundos, ou em casos mais graves ao suicídio, como o tão falado jogo da Baleia Azul, se estão recordados.
Os pais devem estar muito atentos aos comportamentos dos filhos, a reações negativas, a comportamentos agressivos que estes possam ter com progenitores, familiares e mesmo com amigos da mesma idade, Mas também a situações de desleixo pessoal, apatia, assim como outros desvios comportamentais normais em adolescentes e pré-adolescentes.
Existem estudos (especialmente feitos no Reino Unido e na Alemanha) da relação entre o cyberbullying e vitimização do bullying escolar, especialmente em meios mais pequenos ou rurais, onde existe uma maior proximidade entre a comunidade, aconselho todos a fazer uma pesquisa para ter uma percepção desta realidade.
Disclaimer
Não sendo esta a minha área de especialização técnica e de conhecimento profundo do tema, procurei informação que me ajudasse a perceber melhor este assunto, que nos deve preocupar a todos. Como tal, realizei diversas pesquisas em alguns sites como a Sociedade Portuguesa de Pediatria, a Ordem dos Psicólogos, a UNICEF, o Centro de Internet Segura, entre outros. Assim como procurei informação noticiada em diversos órgãos de informação que vão abordando este assunto, deveras preocupante. Existem também diversos blogs que falam e contam experiências sobre situações com pré-adolescentes e adolescentes que tiveram situações traumáticas e comportamentais .
Publicações científicas estrangeiras: Revistas científicas como a Journal of Adolescent Health, Addiction e Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking e o site PubMed.
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