O que são e como Funcionam os Cookies no Navegador

Podemos dizer que Já é normal que sempre vamos entrar na maioria de sites ser-nos solicitada a aceitação e o consentimento para a instalação de cookies. Esta é uma prática generalizada e parece que não há volta a dar, por muito que os queiramos recusar. Existem sites que apresentam o porquê da instalação e aceitação de cookies, alguns nem isso.

Image from rawpixel Markus Spiske

Mas o que são cookies no navegador (browser) e o que é pretendido ?

Passo a explicar: os cookies são instruções de software que são instalados no dispositivo que está a aceder à Internet através do navegador (browser) e quando vamos entrar num site. Ou seja, antes de conseguir ver determinado conteúdo e quando estamos a aceder a um site ou blog. Os cookies “quase” que impõem a nossa autorização/consentimento para a instalação desse “pedaço de texto”, um código que após instalado monitoriza a nossa actividade nesse local da internet. Sendo nós enquanto utilizadores que estamos a dar o consentimento ao clicar em ACEITO e estamos a concordar de forma explicita com a sua instalação.

Os cookies são um software malicioso ?

Podemos considerar que não se trata de nenhum software malicioso e que possa prejudicar o nosso equipamento. Contudo, podem haver questões de privacidade e de intrusão, já que não lemos para que servem esses cookies e simplesmente aceitamos tudo.

Então para que servem os cookies quando são instalados? Será porventura a pergunta que poderá estar a pensar. 

Pois bem, os cookies são uma ferramenta de software de grande utilidade para a empresa que detém e explora o site. Já que com a sua instalação o gestor e detentor do site poderá a ficar a conhecer um conjunto de atributos de quem está a navegar no site, ou seja, do utilizador, quer seja ao nível do equipamento que está a navegar, quer seja do comportamento do utilizador.

Onde fica a privacidade ?

Essa é de facto uma barreira quase invisível. Se fica a conhecer mais sobre o utilizador, isso não é, ou poderá ser, uma invasão da privacidade? Provavelmente sim, e é com o nosso consentimento e autorização, quando aceitamos a instalação de cookies…como se costuma dizer: não há almoços grátis. Ou seja, ou aceita e continua a navegar no site, ou não aceita e não consegue continuar a navegar no site.

Por norma e responsabilidade do site, é sempre referido quais os objectivos e quais as politicas referentes àqueles cookies, onde é dito o que é pretendido e o que irá ser rastreado. Acontece, porém, nós, enquanto utilizadores, simplesmente não lemos qual a política dos cookies e o que será registado e seu propósito. Simplesmente aceitamos e PONTO, o que é displicente da nossa parte. Provavelmente porque não temos tempo, conhecimentos jurídicos, ou apenas interesse em ler.  

Consentimento de cookies e a privacidade

Então pode-se concluir que com os cookies instalados no nosso equipamento, estamos a “dar” ou a consentir que um conjunto de dados permitam ao detentor do site, conhecer e saber diversas coisas do nosso perfil comportamental e deixo aqui dois exemplos: cookies instalados no acesso a um jornal, com estes cookies poder-se-á perceber quais os tipos de notícias são da nossa preferência em detrimento de outras, ou se clicamos em alguma publicidade, com que frequência o fazemos, quanto tempo passamos nesse site, etc.; segundo exemplo, quando navegamos num site de um supermercado, o site com a instalação de cookies passa a dispor de informação sobre as nossas preferências, pesquisa sobre algum tipo de produto ou especificamente quando procuramos saber mais um produto, indicações que valem muito para o marketing, já que estamos a fornecer indicações do nosso perfil de consumo e comportamental. Mais, os cookies conseguem perceber exactamente como é o nosso perfil, pela forma como navegamos no site, o IP do nosso equipamento e assim a nossa localização (mesmo que esta esteja desactivado no equipamento), tipo de equipamento (computador, smartphone ou Tablet), qual sistema operativo, versão, etc.

Mais uma vez podemos-nos interrogar? Então como fica a nossa privacidade e individualidade, estas informações não podem ser entendidas como uma intromissão à nossa vida privada? 

Sim, existe de facto uma capacidade de intromissão e inclusive poder existir uma forma de influenciar o nosso comportamento, mas essa é a minha opinião. Se pensarmos bem os nossos dados comportamentais podem ser vendidos, trocados ou simplesmente expostos e sem o nosso consentimento. uma análise comportamental, pode indicar de forma estatística ou de forma individual (através do IP do equipamento e da nossa localização se estiver activa) dados que podem ser analisados por outras empresas, seja por “boas” intenções e por más intenções.

Porém, o nosso perfil comportamental não conflitua com aquilo que são os nossos dados pessoais (a nossa identidade). Em principio não, os nossos dados pessoais (como nome, morada, idade, etc.) não são recolhidos são uma questão diferente. Os cookies têm um objectivo diferente e eventualmente um propósito bem diferente, como o marketing e melhorar o acesso a esse site. Os nossos dados pessoais e a forma que podem eventualmente circular nas plataformas tecnológicas são por isso coisas diferentes e são proibidas e reguladas por lei, através do que designou de RGPD (Regulamento Geral de Protecção de Dados)

Como evitar o rastreamento por cookies ?

Existem diversas formas de minimizar o rastreio e a intromissão, abaixo seguem algumas dicas:

  • Configurações do navegador: A maioria dos navegadores permite que você bloqueie todos os cookies ou apenas aqueles de terceiros. Pode configurar o navegador (browser) para apagar os cookies automaticamente quando você fechar a janela.
  • Navegação anónima: Ao navegar em modo anónimo, os cookies não são armazenados no seu dispositivo (smartphone, tablet ou computador).
  • Extensões de bloqueio de anúncios: Existem extensões que podem bloquear muitos dos cookies de rastreamento.
  • VPN: Uma VPN (Rede Virtual Privada) criptografa sua conexão com a internet, dificultando o rastreamento de suas atividades online.

Análise comportamental: a análise aos nossos comportamentos Online

Qualquer analista de perfil comportamental consegue perceber um conjunto de indicações acerca de quem somos e como agimos. Ou lendo de outra forma: o que somos, o que gostamos e o que não gostamos, o que nos motiva, as nossas crenças e interesses , todas estas questões podem ser influenciadas. No marketing é estudado como a nossa vida pode, de alguma forma ser manipulada, podendo criar hábitos de consumo. A publicidade que nos é sugerida quando navegamos nas páginas da Internet, especialmente nas redes sociais, é uma publicidade personalizada e que pode ser utilizada para manipular as suas decisões de compra e nos nossos gostos, influenciando as suas opiniões, qualquer profissional de marketing sabe isso.

As redes sociais podem desempenhar um papel muito mais intromissivo, como se viu nas situações com a análises realizadas com perfis do Facebook pela empresa Cambridge Analitica, na eleição de 2016 de Donald Trump, ou na campanha para o Brexit e em mais alguns casos. Já que pode “mexer” com as nossas opiniões politicas, crenças do que vimos sem filtros ou contexto, “teorias da conspiração”, etc.

Perceba que existem diversos tipos de cookies: 

Tipos de cookies

– Cookies permanentes – são cookies que ficam armazenados ao nível do navegador (browser) no equipamento de acesso (computador, smartphone ou tablet) e são utilizados sempre que faz uma nova visita a um website. São utilizados, geralmente, para direcionar a navegação aos interesses do utilizador, tem o propósito de prestar um serviço mais personalizado e normalmente o seu propósito é para actividades de marketing da empresa. É desta forma que a empresa sabe em que páginas e zonas do website navega, ficando expostos algumas das suas preferências no website.

– Cookies de sessão – são cookies temporários que permanecem no arquivo de cookies do browser até sair do site. Genericamente a informação obtida por estes cookies serve somente para analisar padrões de tráfego na web, permitindo identificar problemas e eventualmente fornecer e melhorar a navegação no site.

Nas políticas dos cookies que vão ser instalados é informado o que esses cookies objectivam e o que vai ser instalado.

Saiba que:

– Cookies estritamente necessários permitem que possa navegar no website e utilizar as suas aplicações, bem como aceder a áreas seguras do website. Sem estes cookies, os serviços que tenha requerido não podem ser prestados.

– Cookies analíticos – São utilizados anonimamente para efeitos de criação e análise de estatísticas, no sentido de melhorar o funcionamento do website.

– Cookies de funcionalidade – Guardam as preferências do utilizador relativamente à utilização do site, para que não seja necessário voltar a configurar o site cada vez que o visita.

– Cookies de terceiros – Medem o sucesso de aplicações e a eficácia da publicidade de terceiros. Podem também ser utilizados no sentido de personalizar um widget com dados do utilizador.

Cookies de publicidade – Direcionam a publicidade em função dos interesses de cada utilizador, por forma a direcionar as campanhas publicitárias tendo em conta os gostos dos utilizadores, sendo que, além disso, limitam a quantidade de vezes que vê o anúncio, ajudando a medir a eficácia da publicidade e o sucesso da organização do website.

Então a pergunta que se faz é: como posso gerir os cookies instalados?

Saiba que todos os navegadores (browsers) permitem ao utilizador aceitar, recusar ou apagar cookies, nomeadamente através da seleção das definições apropriadas no respetivo navegador. Pode configurar se permite cookies no menu “opções” ou “preferências” do seu browser, não permitindo third-party cookies, por exemplo.

Saiba também que é muito importante e conveniente ter sempre um antivírus instalado no seu equipamento (Computador, Smartphone ou Tablet) para que possa bloquear cookies “não amigáveis”.

Nota: A publicidade personalizada pode não ser totalmente errado, desde que exista ética na forma como esta nos é apresentada, como consumidores

Aplicações Anti-Track: Uma Ferramenta Essencial para a Privacidade Online?

As aplicações anti-track, também conhecidas como bloqueadores de anúncios ou rastreadores, são ferramentas que visam impedir que sites e anunciantes recolham dados sobre sua atividade online. Estas aplicações actuam, bloqueando cookies, scripts e outros elementos que são utilizados para rastrear o nosso comportamento enquanto navegamos na web e consultamos sites.

Mas será que elas são a solução definitiva para não sermos rastreados? A resposta não é tão simples.

Vantagens das Aplicações Anti-Track:

  • Maior privacidade: Ao bloquear o rastreamento, está a reduzir a quantidade de dados que as empresas podem recolher sobre si, o que diminui o risco de sua privacidade ser violada.
  • Menos anúncios: Muitas dessas aplicações bloqueiam anúncios, tornando a sua experiência de navegação mais limpa e livre de distrações.
  • Melhora no desempenho: Ao bloquear scripts e outros elementos desnecessários, as aplicações anti-track podem acelerar o carregamento das páginas.

Cookies e malware

Quando na navegamos em alguns sites pouco credíveis, ou mesmo suspeitos, podem ser apresentados a instalação de cookies que contenham software malicioso e de spyware.

Para finalizar este extenso artigo, fica aqui um pouco de história

O homem que criou em 1994 os cookies dá pelo nome de Lou Montulli. Ele desenvolveu um dos primeiros navegadores da Web, o Lynx, em 1991, tendo ingressado na empresa Mosaic Communications Corporation, mais tarde mudou o nome Netscape. Ele foi responsável por uma variedade de inovações da Web. Ao desenvolver um website de comércio electrónico, percebeu a importância e o valor dos dados recolhidos de quem estaria a comprar (retendo algumas informações no carrinho de compras do utilizador), desta forma “inocente” de recolha de informações no navegador, permitiu ao longo dos anos aprimorar o software que é hoje uma norma de quase todos os websites.

Conclusão

A realidade actual coloca-nos diante de um paradoxo: quanto mais nos beneficiamos da personalização e conveniência oferecidas pela tecnologia, mais expostos ficamos à recolha de dados e análise sistemática dos nossos dados pessoais. As empresas de tecnologia e redes sociais continuam desenvolvendo métodos cada vez mais sofisticados de rastreamento, frequentemente mascarando cookies de publicidade e rastreamento como “essenciais” ou “legítimos”.

Olhando para o futuro, é provável que vejamos uma intensificação dessa batalha entre privacidade e conveniência. O desenvolvimento de tecnologias como a inteligência artificial e aprendizagem de máquina (machine learning) promete tornar o rastreamento ainda mais preciso e abrangente. Ao mesmo tempo, crescem os movimentos em defesa da privacidade digital e surge legislação mais rigorosa de proteção de dados.

A solução para este dilema não está em rejeitar completamente a tecnologia, mas em desenvolver uma abordagem mais consciente e crítica. Como utilizadores precisamos:

  • Compreender melhor as tecnologias que utilizamos
  • Fazer escolhas informadas sobre nossa privacidade
  • Exigir maior transparência das empresas (especialmente das redes sociais)
  • Apoiar iniciativas que protejam nossos direitos digitais

O futuro da privacidade digital vai depender deste equilibro e da nossa necessidade de serviços personalizados, mas com o nosso direito fundamental à privacidade. À medida que avançamos para um mundo cada vez mais conectado, a proteção de nossa privacidade digital não é apenas uma escolha pessoal, mas uma responsabilidade coletiva que determinará como as futuras gerações experimentarão o mundo digital.

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